Uma pergunta recorrente de nosso alunos é sobre o que são e como funcionam os selos musicais. Como o assunto do blog é música eletrônica, usaremos exemplos dentro desse universo para explicar como um selo organiza, divulga e vende músicas.

O que é um selo?

O nome selo é uma tradução de label, termo em inglês que designa divisões dentro de uma gravadora. O labels geralmente cuidam de estilos musicais de gravadoras que lançam de tudo, como a Universal e a EMI, que têm diversos selos para cada estilo. Muitos selos não fazem parte de gravadoras e foram criados para o lançamento de músicas de forma independente.

Na música eletrônica a maioria dos selos são a própria “gravadora”, mas alguns fazem parte de grupos maiores. Os selos costumam se especializar em estilos musicais como techno, house e electro, porém hoje é muito comum vermos selos especializados em sub-gêneros, como electro-house, deep-house, nu-disco, entre outros.

Outra coisa muito comum na música eletrônica são os próprios artistas abrirem selos para divulgar seus trabalhos. Mas cuidar de um selo exige dedicação, contatos, gastos e conhecimento do mercado e suas tendências. O Beatport está repleto de selos e milhares de músicas são lançadas todos os dias, mas alguns labels simplesmente não vendem nada… Mas com muito trabalho, criatividade e persistência, todos podem ter seu lugar ao sol!

O que é preciso para criar um selo?

É preciso um contrato social, registrado na junta comercial estadual, onde a atividade do selo está descrita. E isso é tudo. Outras atribuições são fundamentais, mas não obrigatórias: Estúdio para finalização e masterização das músicas, a fim de que todos os trabalhos lançados tenham a mesma qualidade e sonoridade. Também é fundamental o selo ter um site, que pode ser uma página em uma rede social. Redes sociais, aliás, são cada vez mais importantes na divulgação de qualquer produto.

Se o selo quiser deter os direitos autorais das músicas lançadas ele precisará também ser uma editora. A editora registra as músicas através de um software que gera códigos válidos em todo o mundo, o ISRC. Para abrir uma editora é necessário entrar em contato com uma sociedade ligada ao ECAD, como a Socinpro, em São Paulo. Essa entidade fornece o software gerador de ISRC por uma taxa e a partir daí o produtor fonográfico (selo) terá direitos sobre as músicas registradas.

Como vender as músicas?

Hoje há muitos meios de se vender músicas de forma independente, mas na música eletrônica o que mais ocorre é: Um selo seleciona músicas a serem lançadas em conjunto (podem ter um artista, vários, músicas originais e/ou remixes). Geralmente é feito um trabalho de divulgação conhecido como Promo Pool, que é o envio do material a ser lançado para artistas consolidados, que podem baixar as músicas em troca de feedback sobre elas. E é daí que aparecem os famosos “supported by…”.

Essas músicas são mandadas para uma distribuidora, que enviará para os sites de vendas. O Beatport é o site responsável pela maior parte da comercialização de música eletrônica no mundo, por isso um selo que não está lá dificilmente venderá bem. Hoje também cresce o mercado de comercialização via celular, também intermediado por distribuidoras.

 

A concorrência é grande no Beatport: Cerca de 2000 lançamentos diários.

 

Quanto ganha o selo?

Digamos que você lançou um EP no Beatport que vendeu 1000 dólares. A equação a ser feita é quase sempre essa:

1000 – 40% (fica para o Beatport) = 600

600 – 20% (fica para a distribuidora) = 480

480 – 50% (fica para o artista, depende do acordo feito) = 240

Se forem vários os artistas e as músicas, o selo ficará proporcionalmente com menos.

Ou seja, apenas uma pequena parte fica com o selo. Se formos contar gastos com divulgação (Promo Pool e eventuais anúncios na internet), masterização e os equipamentos envolvidos na produção e finalização da música, chegamos à conclusão de que é preciso vender muito (1000 dólares já é uma venda difícil de ser alcançada) para ganhar dinheiro com um selo na música eletrônica.