beatportSe o Beatport já tinha a maior fatia da venda online de música eletrônica, imagine agora.

A SFX Entertainment, empresa comandada pelo empresário de mídia Robert F.X Sillerman, comprou esta semana o portal Beatport por mais de 50 milhões de dólares. O valor não foi confirmado pelo empresário, mas a informação vazou através de pessoas envolvidas na negociação.

Mas apesar das cifras elevadas, a compra do Beatport pela SFX é apenas a ponta de um Iceberg. Além do portal, a SFX vem investindo em diversos clubs nos EUA e recentemente formou uma joint-venture com a ID&T, uma companhia europeia por trás de grandes festivais, como o Sensation. A idéia é aproveitar o momento da dance music para torná-la ainda mais popular e com mais presença na mídia.

Segundo Robert Sillerman, “O Beatport nos coloca em contato direto com DJs e nos permite ver o que é popular e o que não é. Mas, o mais importante de tudo, o site nos oferece uma plataforma massiva pra tudo que é relacionado a E.D.M. (Electronic Dance Music)”, afirmou Sillerman.

E o que isso significa? (por Thiago de Lucca)

O Beatport é um verdadeiro monopólio dentro do mercado de vendas de música eletrônica. Ele foi pioneiro, investiu mais e melhor e há anos dita as regras, com um acervo de mais de um milhão de músicas, muitas delas exclusivas.

Não há dúvidas da sua importância decisiva para a popularização das vendas online, já que em 2004, ano em que foi criado, as gravadoras ainda estavam tentando prender quem baixava músicas ilegais, sem oferecer boas alternativas legais.

Por outro lado, o site é uma verdadeira mostra de como selos e artistas independentes foram engolidos por uma nova indústria. Se artistas e produtores sempre ficaram com uma pequena fatia das vendas de discos e CDs no mercado tradicional, isso não mudou muito na era Beatport. O site fica com metade de tudo o que vende. Da metade que sobra, parte vai para a distribuidora, outra parte para o selo e aí, enfim, a fatia do(s) produtor(es). Veja mais sobre essa divisão aqui.

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Com sua força no mercado o Beatport consegue que grande parte do que é vendido seja exclusivo, matando a fonte dos possíveis concorrentes. Claro que há outros sites especializados em vender música eletrônica e alguns oferecem condições melhores para selos e produtores, mas é muito pouco em comparação à fatia de mercado do Beatport.

Com a venda para um grupo maior, ainda menos interessado na música e totalmente focado em cifras, a tendência é esse monopólio aumentar, ficar ainda mais forte, solidificando a dependência de selos e produtores independentes.

A pergunta é: Se a venda de músicas representa uma minúscula parte nos ganhos de um produtor, que ganha mesmo com suas gigs, será que é possível pensarmos em distribuição gratuita e formas alternativas de divulgação? Afinal, para 99% dos produtores que vendem no Beatport, o site é muito mais divulgação do que dinheiro na mão.